Para a mulher mais amada do mundo

A mulher que carrega na pele, nas marcas e muito mais no coração resquícios da menina que um dia fora, hoje assenta-se com o olhar brando e imaculado, carregado de mistério. A moça esguia que a habitava fundiu-se com o coração latejante de mulher; coração este que, a partir do momento em que ganhou o direito divinal de dar a luz, passou a bater violentamente fora de seu corpo. A mulher que hoje eu vejo tem a alma resiliente, tem nos olhos a vida toda gravada, nas mãos o sim e o não. Seus braços são feitos de amor, de carinho, de compaixão; de sua boca são proferidas palavras que só foram concedidas aos anjos.

Tu és companheira, amiga, mulher, amante... Aquela que vive a mil por segundo. Tu és a que tem a palavra certa no segundo certo, nem um a mais nem a menos. Teus ensinamentos penetraram nas barreiras do tempo, eles vêm carregados de vida, de segredos, de raízes. Agradecer-te é o mínimo a que posso fazer, pois é preciso que eu valha cada dor pontiaguda de teu parto, é preciso que eu valha o momento em que fui parida.

Tu és, dentre todas as mulheres do mundo, a mais bela e a mais amada por mim.

Queria lhe fazer uma canção de amor,
Mas ser mãe está muito além disso.
Ser mãe reúne todas as canções do mundo
As de amor e também as de dor.
Ser mãe é navegar em alto mar,
Com todas as tempestades e calmaria
Sem jamais poder voltar.
Ser mãe é reter todos os sentimentos do mundo
Num só ser,
Num só coração.
Ser mãe está além de parir e só
Ser mãe é sentir na alma e nas entranhas.